“Liberdade,
essa palavra que o sonho humano alimenta,
que não há
ninguém que explique e ninguém que não entenda.”
Cecília Meireles
A liberdade
não é explicável, mas é entendível. De fato, há mais de dois milênios os
filósofos vêm refletindo sobre o conceito de liberdade e ainda não chegaram a
uma definição unânime.
O
conceito de liberdade é complexo. Vamos começar fazendo uma pergunta à
queima-roupa: como você definiria liberdade? Responda em seu caderno.
As várias formas de liberdade
A
liberdade é qualificada de acordo com o objetivo a que se refere. Por exemplo, liberdade física é que nos confere
o direito de locomoção, de ir e vir. Quando somos privados desse direito por
ilegalidade ou abuso de poder, a Constituição nos garante o recurso jurídico do
habeas corpus (em latim, “que tenhas
o teu corpo”), por meio do qual se pode revogar uma prisão considerada injusta.
Mas, em nossa sociedade perigosa e violenta, a liberdade de locomoção é cada
vez mais restrita.
A
liberdade política nos
concede o poder de atuar nos rumos da organização da sociedade. Também esse
aspecto da liberdade é dificultado por forças interessadas em manter
privilégios.
A
liberdade jurídica nos torna
iguais em diretos e deveres perante a lei, o que entre nós ainda é uma utopia.
A
liberdade religiosa nos
permite seguir o credo de nossa preferência ou de não seguir nenhum credo.
A
liberdade profissional nos dá
a possibilidade de seguir a profissão que vá ao encontro de nossos interesses e
tendências. Mas entre esse direito e a realidade do trabalho no Brasil existe
uma grande distância.
Os
limites da liberdade
Somos
limitados, condicionados, determinados por uma série de fatores que não
dependem de nossa vontade. Em filosofia, a palavra necessidade sintetiza todos
os obstáculos que agem sobre nós e nos impede de ser, fazer e conseguir o que
gostaríamos.
Alem
desses condicionamentos ou determinismos inevitáveis, existem outro, evitáveis,
criados pelo próprio homem. O ladrão, por exemplo, corre o risco de perder a liberdade
de locomoção, e os que se drogam se arriscam a ficar viciados, escravizando-se
às drogas. A liberdade, como a saúde, requer cultivo e vigilância.
Mas
as restrições à liberdade não são criadas apenas pelos indivíduos,
isoladamente. É na organização social e política que se constrói a maioria dos
entraves à liberdade. Um povo de analfabetos, doentes e famintos tem uma
liberdade restrita às suas condições subumanas. O que podemos fazer então?
A liberdade como conquista
A
liberdade não é uma dádiva, algo que recebemos sem esforço. Ao contrário, ela é
uma conquista que pode conduzir a outras conquistas, um caminho que pode levar
a outros caminhos, com novos obstáculos e horizontes. O uso da liberdade faz a
história do indivíduo e da sociedade. Segundo Sartre, não importa o que fizeram
de nós, não importam as condições adversas em que nos encontramos: importa é o
que podemos fazer com o que fizeram de nós.
Livres com os
outros
“Temos aprendido a voar com as aves, a nadar como os peixes, mas ainda não aprendemos a sensível arte de viver como irmãos.”
Martin Luther Kings
Costuma-se dizer: “Minha liberdade termina onde começa a liberdade do outro”. Isso só faz sentido em algumas situações, como no condomínio de um edifício. Tenho liberdade para ouvir a música que quiser. O volume, porém, não deverá incomodar o vizinho.
Mas o
exercício da liberdade se realiza com o outro, na interação social, na
verdadeira política, na luta pela justiça, pela igualdade dos direitos
essenciais, pela solidariedade. O individualismo, o “cada um por si”,
enfraquece nosso poder de ação.
É
conhecida a velha história do pai que, à beira da morte, chamou os filhos e deu
um feixe de varas para que cada um tentasse quebrá-lo. Ninguém conseguiu.
Então, ele desamarrou o feixe e foi quebrando vara por vara. Com isso, o sábio
pai quis demonstrar o poder da união e a fragilidade do individualismo.
PARA REFLETIR
Crie ou encontre no texto frases que expressem bem a importância da liberdade.
Relacione os fatos evitáveis e inevitáveis
que limitam a liberdade.
Faça um comentário sobre a liberdade como
conquista. Cite exemplos de pessoas.
Que relação existe entre individualismo e
liberdade?
Comente a afirmação de Sartre: “O futuro
do mundo está em nossas mãos.”
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